sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O que vem a ser o PEI (Programa de Eriquecimento Instrumental)? 

O PEI é um programa pedagógico que promove experiências e vivências, através do qual  pretende-se alcançar o seguinte objetivo: "aumentar a capacidade do organismo humano para ser modificado através da exposição direta aos estímulos e à experiência proporcionada pelos contatos com a vida e com as exigências da aprendizagem formal".
Especificamente o PEI pretende atingir os seguintes sub-objetivos: 
  • corrigir funções cognitivas deficientes,
    ajudar na aquisição de conceitos básicos,
    produzir motivação intrínseca
    produzir processos de reflexão,
    produzir motivação pela tarefa,
    passar de uma atitude passiva-reprodutora de informação a autogeradora. 
O psicopedagogo que lida com a aprendizagem deve estar sempre em busca de ferramentas que possam auxiliá-lo no trabalho com a aprendizagem. O PEI é um recurso psicopedagógico que permite ao profissional acompanhar e compreender o processo cognitivo do aprendiz. Os exercícios que são propostos são disparadores de reflexão e de tomada de consciência metacognitiva.
Pretende-se através do PEI desenvolver a "meta-aprendizagem", ou seja , a consciência  de como se aprende . Esta proposta se apoia numa filosofia educacional que tem como metas desencadear processos geradores de: autonomia, sentimento de competência, construção de sentido, capacidade de estabelecimento de analogias com o que está sendo vivenciado.  Os exercícios do PEI são sempre "pretexto" para vivenciar uma experiência de aprendizagem significativa.
A proposta considera tanto aspectos cognitivos quanto relacionais/emocionais. O aprendiz é convidado a argumentar, sustentar, ou até mesmo reformular seu ponto de vista.
Deve refletir e tomar decisões, colocando-se numa posição ativa: sua palavra é ouvida e valorizada pelo outro. Estimula-se bastante o trabalho em pares quando em grupo, e com o mediador quando aplicado individualmente.
Às vezes o aprendiz tem uma resposta face a um desafio, mas teme estar no "caminho errado". Prefere então perguntar a alguém que julga saber mais do que ele; precisa a confirmação do outro para caminhar.
Outras vezes a resposta é incorreta pela sua impulsividade e/ou falta de reflexão.
Nos exemplos citados, tanto aspectos de natureza relacional quanto aspectos cognitivos explicam as possíveis dificuldades de aprendizagem. Sabe-se que a insegurança para responder a um desafio pode ter variadas origens, porém, a capacidade para elaborar o ato mental pode contribuir também para a construção da autonomia e segurança do aprendiz. 
Como se abordaria, através do PEI, as dificuldades de aprendizagem?
Inicialmente o mediador busca verificar se o aprendiz tem uma percepção clara do que se propõe a ele, procurando garantir este ponto de partida. O mediador deve reformular o modo de apresentar o desafio, com o objetivo de ser compreendido. O fracasso num processo pode estar associado à pouca clareza da natureza do desafio. O mediador irá desencadear no aprendiz a necessidade de elaborar boas perguntas, por exemplo: " O que é que tenho que fazer?", " Que passos tenho que tomar?" Elaborar boas perguntas e ter consciência do seu processo é denominado meta-cognição.
Muitas vezes essa pessoa está dependente não só por uma questão afetiva, emocional ou relacional. Ela pode ser dependente também, porque sua forma de pensar não está levando em conta a elaboração necessária para resolver o problema; o autoquestionamento que permite discriminar o que é necessário fazer.
Na proposta do PEI, o mediador organiza a relação psicopedagógica através de um método clínico, de perguntas pontuais.
O aprendiz, através da convivência com o psicopedagogo, aprende a fazer perguntas pontuais e a melhorar a sua capacidade de pensar. 

Qual é a origem do PEI?
O PEI é o resultado de uma experiência de avaliação cognitiva de jovens órfãos de guerra, em 1950, quando se fazia a preparação deles para a imigração e entrada no mercado de trabalho em Israel. Utilizou-se naquela ocasião o Teste Raven, que mede a capacidade para fazer analogias, sem levar em conta aspectos culturais. Através destes testes verificou-se que os jovens tinham dificuldades para fazer analogias.
Reuven Feuerstein, psicólogo educacional que trabalhava na instituição que preparava os jovens imigrantes, percebeu que o teste avaliava a performance, não avaliando capacidades em potencial. Acreditando que os jovens tinham
mais capacidade do que o teste demonstrava, desenvolveu uma forma peculiar de avaliar, que englobava simultaneamente ensinar. Denominou a este processo de L.P.A.D. - Learning Potential Assessment Device. Ele começou a construir
sua teoria, a identificar funções cognitivas, ou seja, pré requisitos para desenvolver operações mentais. Para fazer analogias, é preciso identificar, analisar, comparar, classificar e levantar hipóteses. Nesse processo de trabalho com os jovens, Feuerstein desenvolveu uma técnica que ele chamou de EAM, ou seja, "Experiência de Aprendizagem Mediada".
O PEI surgiu como um programa pedagógico para desencadear processos cognitivos e de atitudes com respeito ao conhecimento e resolução de situações problema.
 
O que vem a ser a EAM?
 
Feuerstein desenvolveu o termo Experiência de Aprendizagem Mediada - EAM -para denominar um procedimento muito detalhado e específico, que visa a desencadear no aprendiz a necessidade de perceber a intencionalidade da ação do mediador, estabelecendo relações com a situação vivida e construindo significados para ela.
O grande objetivo de uma ação mediada é o de contribuir para o desenvolvimento de uma forma mais autônoma e mais elaborada em relação aos desafios.
Numa EAM há três envolvidos: o mediador, o aprendiz e o objeto de conhecimento. Paradoxalmente, o que é permanente nesta relação é a mudança, a flexibilidade. O mediador adapta o objeto de conhecimento de acordo com as necessidades. Ele mesmo também se adapta diante das necessidades do aprendiz. Este, por sua vez, deve se modificar também.
Nesta teoria, para que uma EAM seja considerada de qualidade, é preciso que ela leve em consideração três condições: Intencionalidade/reciprocidade, transcendência e significado. O mediador deve tornar clara sua intencionalidade para o mediado, verificando se a mesma foi bem compreendida pelo mesmo. Reciprocidade implica em o mediado manifestar que compreendeu a intencionalidade do mediador. Além disto, o mediador também deve considerar que a experiência deve transcender a ação vivida no presente e que a ação deve ter um significado, principalmente de ordem afetiva, para o aprendiz.
O que são funções cognitivas nesta teoria ?
Entende-se por funções cognitivas uma série de atividades mentais que são pré requisitos para dominar as operações mentais (sendos estas um conjunto de ações interiorizadas, organizadas e coordenadas, por meio das quais se elabora a informação procedente das fontes internas e externas de estimulação). Algumas das funções cognitivas estão relacionadas com a entrada da informações, outras com a elaboração da situação problema e outras com as respostas diante dos desafios. Um exemplo de função cognitiva pode ser: que a pessoa tenha uma percepção clara, precisa, do que se espera dela ou do que ela tem que fazer. Outra é que observe os estímulos que se oferecem a ela de um modo sistemático. Muitas vezes um aprendiz fracassa numa resposta por que ele não observa bem detalhes. Na fase de elaboração ele deveria levar em conta que embora existam muitos detalhes, muitos estímulos, nem todos são igualmente relevantes. Então ele teria que, em função do que se espera dele na tarefa, fazer uma diferenciação entre o que é relevante e o que não é. Na fase de resposta ele deveria analisá-la antes de emití-la, verificar se aquilo que ele vai responder tem relação com a proposta inicial, com o desafio que Ihe foi colocado 
Como é vista então a aprendizagem? E o mediador?
A aprendizagem é vista como um processo no qual a ação do aprendiz, a sua participação, é importante. Cabe ao mediador fazer perguntas pontuais, detonadoras de reflexão, que Feuerstein denomina de estilo interrogatório.
Dependendo do estilo interrogatório e da mediação feita pelo ensinante, o aprendiz poderá desenvolver ou não um estilo cognitivo diferente daquele através do qual fracassava.
O mediador representa um outro que ocupa uma posição de acolhimento, pois está sempre buscando compreeender o caminho que o aprendiz está demonstrando seguir através de suas respostas. Também é alguém que se posiciona com "humildade", com disposição para escutar o ponto de vista do outro.
O mediador tem como meta desencadear o desenvolvimento do sentimento de competência do aprendiz. Não através de elogios, mas fundamentalmente pela ação mediada que busca adaptar o desafio às necessidades e possibilidades do aprendiz.
Como a psicopedagogia compreende a aprendizagem e o papel do mediador?
A Psicopedagogia é uma prática. Podemos hoje fazer uma distinção entre uma prática dinâmica e outra voltada para a reeducação.
A Psicopedagogia reeducativa está mais voltada para a questão da remediação de deficiências observadas no diagnóstico.
A Psicopedagogia dinâmica está mais preocupada com as possíveis causas que levam a um determinado estilo de aprendizagem, procurando desenvolver a consciência do aprendiz em relação aos seus processos de aprendizagem. O objetivo no diagnóstico é revelar o potencial de aprendizagem.  Em algumas situações, por mais que se faça uma mediação de qualidade, nem sempre existe a reciprocidade por parte do aprendiz. O psicopedagogo trabalha com um sujeito cognoscente, e este, por diferentes razões, poderá resistir à EAM.
Mesmo diante da resistência do aprendiz em mudar seus esquemas de ação, o mediador não deverá desistir, e sim colocar-se numa posição de acolhimento. Esta atitude contribui algumas vezes para a tomada de consciência de processos e de possibilidade de mudanças.
Em alguns casos é necessário buscar diferentes recursos de intervenção, com o objetivo de mudar a postura do aprendiz. Outras vezes se faz necessária a participação de outros profissionais. O trabalho com o P.E.I e com a EAM oferece ao aprendiz experiências e vivências nas quais ele tem condição de tomar alguma consciência de seu estilo de interpretar a realidade.
A Psicopedagogia se beneficia quando leva em conta o conceito de complexidade da filosofia. Podemos pensar na palavra complexidade do ponto de vista intuitivo, mas existem especialistas que estão discutindo este conceito, que basicamente está se contrapondo a uma visão cartesiana de pensamento.
O conceito de complexidade introduz um outro modelo epistemológico que pode nos ajudar a entender diferentes aspectos que compõem uma determinada modalidade de aprendizagem.
A adoção desta epistemologia poderá também contribuir para uma visão menos reducionista dos problemas de aprendizagem.Às vezes, na tentativa de compreender de forma dinâmica as questões da aprendizagem, busca-se explicar tudo pelo lado da Subjetividade, pela psicanálise. Também existe uma tendência para explicar as dificuldades só pelo lado da psicologia cognitiva. A grande meta e desafio da Psicopedagogia é buscar uma visão mais ampla e equilibrada na compreensão do ser humano cognoscente.
A Psicopedagogia é uma prática que avançou muito e conversou com diferentes disciplinas, como a antropologia, a psicanálise, a psicologia cognitiva, a lingüística, a psicolingüística, entre outras. Essas diferentes conversas prepararam o caminho para que a psicopedagogia, agora conversando com a filosofia, tenha uma abordagem mais problematizadora, que levanta mais hipóteses. Esta problematização e questionamento permitem  compreender a natureza do processo de aprendizagem no seu contexto, considerando as múltiplas variáveis que podem explicar a natureza de uma dificuldade de aprendizagem.
A proposta psicopedagógica de Feuerstein, um método clinico que lembra o método socrático, ajuda o psicopedagogo no levantamento de possíveis razões para as dificuldades. Ela ajuda tanto o aprendiz quanto o profissional, no sentido de propor uma (re)avaliação contínua, com levantamento de hipóteses a respeito do processo de ensino aprendizagem e da relação entre o mediador e seu aprendiz. Tanto um quanto outro vivem uma situação de aprendizagem sob a ótica do questionamento e da reflexão. É possível que esta atitude mais questionadora gere  no início um desconforto, porque não admite a existência de uma resposta única para a compreensão das dificuldades no processo de aprendizagem.
Os exercícios são meros disparadores que exigem do aplicador técnica para mediar, sensibilidade e conhecimento de mundo para analisar e construir junto com os aprendizes as possíveis analogias. Eles despertam no aprendiz a necessidade de estabelecer toda sorte de relações, ampliando a sua visão de mundo.
Noto fundamentalmente uma dificuldade específica nos alunos para se colocarem ativamente diante de uma situação de desafio.Estas dificuldades podem ser para verbalizar suas dúvidas, para colocar seus pontosde vista, ou para fazer com que suas vozes apareçam em sala de aula.
O mediador acompanha o percurso do pensamento do aprendiz, o que só pode ser percebido pela linguagem. Por isto, ele insiste muito para que a criança fale e argumente. Muitas crianças, antes passivas em sala de aula, começam a falar no grupo pequeno das sessões de PEI, e se encorajam, na sala de aula, a perguntar, buscando " uma percepção clara e precisa " sobre o que está sendo apresentado em sala de aula. Esta posição mais ativa contribui também para que dentro do ambiente familiar o aprendiz adote uma posição mais questionadora.
Numa sessão de PEI há espaço para falar dos  conflitos  da sala de aula, da família, da  sociedade,  enfim para  compartilhar no grupo uma gama grande de questões que dizem respeito às experiências vividas por todas as pessoas. Esta reflexão constante contribui para que se viva com mais intensidade e consciência os desafios que a vida propicia. O PEI pode ser mais um recurso que colabora para a integração das pessoas na sociedade de forma criativa e independente.
O professor não  se torna "meio" terapeuta?
O professor não faz terapia, mas uma ação pedagógica bem conduzida pode ter "efeitos terapêuticos", bem como contribuir preventivamente para que não se instale um problema de aprendizagem. Nesta proposta enfatiza-se a linguagem e a construção de sentido, o que permite ao aprendiz tomar consciência dos seus processos de pensamento. Permite ao mediador levantar hipóteses a respeito do processo de ensino aprendizagem, para ,se necessário, reformular a ação pedagógica. Esta proposta visa também contribuir para que o professor não coloque toda a sua energia apenas no conteúdo acadêmico, mas que considere fundamentalmente o processo de construção de sentidos, para promover  uma aprendizagem significativa. Infelizmente, na tradição de sala de aula, perguntar é significado como sinônimo de ignorância. Busca-se, nesta teoria, desenvolver
o questionamento como forma de construção do saber. Perguntar é fundamental para o aprender. 
Esta proposta se preocupa com as áreas de conhecimento?
É uma proposta que visa mais do que encontrar a resposta certa. Procura desenvolver a capacidade de pensar, pois o conhecimento não é algo estático. A necessidade faz com que ele tenha que ser re-atualizado e re-significado.
Mais do que acumular conhecimento, a pessoa tem que aprender a acessá-lo, aprender a relacioná-lo, bem como aprender a lidar com a informação.
Outra preocupação deste proposta é com a construção de sentidos para promover uma aprendizagem significativa. No processo de mediação, que é uma técnica muito especifica, muito peculiar, o mediador tem que trabalhar deixando bem claro para seu mediado qual é a sua intenção com relação a um determinado conteúdo. Observa se existe reciprocidade, se o indivíduo se interessa, se está  olhando, seentendeu. Se nada disso ocorre, o mediador vai reformular a maneira de apresentar o estímulo, até que se obtenha alguma reciprocidade.
O educador deve se preocupar em  investir no processo de aprendizagem, para desenvolver a meta-cognição e a meta-aprendizagem.
É necessário desenvolver a habilidade de  estabelecer relações. Embora isto pareça ser algo natural, nem todas as pessoas sentem a necessidade de relacionar as experiências já vividas com as novas.
Uma mediação de qualidade desencadeia um novo estilo de aprender.
Como fica a questão afetiva?
Feuerstein  enfatiza  a questão  afetiva e também cultural, voltada para os valores do grupo. Ele afirma que a cognição e a afetividade são duas faces de uma mesma moeda transparente. No processo mediacional está presente a necessidade de desencadear no aprendiz sua autonomia, seu sentimento de competência em relação à autoria. O mediador ocupa uma posição de acolhimento, na medida em que está disponível para atender às necessidades do aprendiz, modificando os estímulos, aceitando, tolerando, esperando, enfim, adaptando-se ao ritmo e às possibilidades dele.
Com respeito à questão dos valores do grupo, Feuerstein aponta para a necessidade de compartilhar os valores do grupo familiar ou mais amplo, como forma de construir a identidade individual e grupal. Atualmente, na sociedade globalizada, os valores individuais  nem sempre estão sendo valorizados. Aceitam-se com facilidade aqueles impostos pela mídia, o que
tem contribuído, algumas vezes, para a marginalização e inadaptação de pessoas e grupos.
Conta-se que numa ocasião, Feuerstein foi consultado para opinar a respeito da questão do  suicídio entre os índios Navajos americanos. Assim posicionou-se: "Para que vocês  sejam melhores americanos, primeiro precisam ser melhores indígenas, ou seja, precisam levar em conta sua própria cultura, seus próprios valores. 
Em que países o PEI já é aplicado?
O PEI é aplicado em diferentes países da Europa, da Ásia, da América Latina, nos EUA, e no Canadá. 
Como são os instrumentos do PEI? 
Os instrumentos não têm um conteúdo acadêmico, são exercícios disparadores de uma conversa entre o mediador e os aprendizes para tentar ressignificar as questões pessoais e questões culturais daquele grupo que esta vivendo aquela experiência. Através dos exercícios o aprendiz começa a compreender o seu processo de aprendizagem, aprende também a identíficá-lo e nomeá-lo através das funções cognitivas. Toda aula de PEI tem três momentos: realização  da tarefa, reflexão sobre o processo e construção de possíveis analogias  em torno da experiência vivenciada.
Como é a atitude do  profissional que aplica o PEI, diante das respostas do aluno?
Muitas vezes a resposta da criança é  estereotipada, é uma resposta "colada no discurso do outro". O mediador acolhe num primeiro momento, buscando direcionar a mediação para uma resposta mais autêntica.
Às vezes uma boa pergunta ajuda a obter uma boa resposta. É necessário criar condições que permitam a esta pessoa construir sua identidade, não ficando presa, colada ao outro. Deve-se ajudá-la a sair da posição de dependência do outro. O alvo a se atingir é a mudança de estilo de aprendizagem e de visão de mundo. Isto não é uma tarefa fácil, pois às vezes uma pessoa levou anos para construir um estilo, que não a ajuda, e que também é a manifestação de sua estrutura psíquica.
Se fizermos uma analogia com o estilo de se vestir, uma pessoa precisa de muitos anos para dizer que não usará mais as marcas impostas pela moda; que tem seu próprio estilo.
Para mudar o estilo cognitivo é preciso de experiência e de  maturidade. O mediador pode intervir neste processo. 
Como as escolas estão considerando a questão da aprendizagem significativa e o desenvolvimento da meta-aprendizagem ?
Embora exista uma preocupação em tornar a aprendizagem significativa, nem sempre as pessoas sabem como fazê-lo. Na maioria das vezes é o conteúdo acadêmico que está em primeiro lugar.
Aprender com significado e saber como se aprende é fundamental para a constituição do ser aprendente. Tenho me dedicado ao trabalho com professores no sentido de mobilizá-los em relação a esses aspectos. Nos encontros com os professores tenho tido oportunidade para trocar e aprender muito com eles.
Alguns educadores viveram experiências educativas, nas quais tinham que decorar, por exemplo, Latim, História, para " tirar notas". Mudar um  modelo educacional  para outro que leve em conta  o processo e não a repetição do conteúdo, exige dos educadores viver experiências pedagógicas distintas, onde o centro esteja no processo e não no produto final. Quando professores puderem viver a meta-aprendizagem, a meta-cognição, a reflexão, a aprendizagem significativa, poderão certamente produzir mudanças em seu estilo de ensino.
Na clínica dos problemas de aprendizagem, muitas pessoas inteligentes, sem defasagem, sem privação cultural, buscam a intervenção psicopedagógica, não para corrigir, mas para aprimorar sua forma de trabalhar, ou de lidar com o conhecimento formal. Tenho um exemplo de uma adolescente brilhante que se refere à matemática como algo "conformante", ou seja,  que não leva a nada. Esta adolescente diz:
"a palavra conformante não existe, mas eu estou chamando a matemática de "conformante".
Ela está nos sinalizando sua indignação diante de um conhecimento que lhe foi ensinado de um modo que não lhe permite compreender o sentido. Muitas alunos  se sentem como estrangeiros diante de alguns conteúdos.
Se o professor começar  a ter consciência disso, de que não é pelo fato de "ter falado" tem como conseqüência direta que  todos "aprenderam", de que a linguagem não é  transparente, que é preciso negociar o sentido sempre, seria muito diferente. O professor tem que estar muito atento à reciprocidade do aluno, à sua feição, ao seu gesto,  pois a linguagem corporal também fala. 

domingo, 17 de abril de 2011

CASAMENTO E SEPARAÇÃO

O casamento não é necessariamente um meio de ser feliz. Ele é antes de tudo uma escolha em nossas vidas, um projeto, um investimento de nossa energia espiritual e material, de nosso tempo e nossa força de trabalho, na busca de dividir com outra pessoa outros projetos dentro deste projeto maior, e que em geral se supõe que se comece com o amor, este alimento das melhores coisas em nossas vidas.
Desde que diminuiu a força da religião no casamento e que nossa cultura permitiu mais e mais que o divórcio e o status de divorciado fossem aceitos com mais naturalidade, tivemos um efeito colateral desta conquista: o casamento praticamente anda de mãos dadas com o divórcio. O fato de poder divorciar-se praticamente permite o próprio casamento, isto é, considerar-se a idéia de “se não der certo, separe-se” já é em si um facilitador.
Nós não compartilhamos desta idéia. O casamento e a separação são duas empresas muito difíceis! Devem ser muito bem avaliadas ANTES! As dificuldades de unir duas pessoas com educações diferentes, mesmo que sejam da mesma classe social, cultural ou econômica, são muitas. Além disso os entraves na vida civil, a frustração de tamanho investimento e até a desmoralização pessoal e em nível familiar que se seguem fazem com que a ajuda profissional tanto em uma decisão como em outra seja um investimento até pequeno diante de tal sofrimento, perda de tempo e recursos materiais.
A terapia individual e a terapia de casais previamente ao casamento tem ajudado muitas pessoas a ponderarem melhor sobre esta escolha, e não necessariamente desistindo do projeto, mas re-equacionando, estabelecendo novas maneiras de se comunicar, diminuindo o stress do início da relação que é quando se criam as primeiras grandes frustrações da vida de casado.
Já casados, os casais têm grande chance de serem felizes, pois o casamento é sabidamente um otimizador da qualidade de vida. Acreditamos na necessidade de “investir” na relação, expressão fácil de dizer mas difícil de praticar. Muitos são os papéis possíveis e suas combinações em um relacionamentoe a melhor é aquela que deixa ambos felizes e permite o crescimento concomitante e em uma mesma direção. Muitos dos problemas de um casal acontecem em virtude desta discrepância no desenvolvimento: um se desenvolve cultural, profissional ou economicamente mais que o outro. Em nossa cultura ainda é mais aceito o homem desenvolver-se mais. Mas é público e notório que isto tem mudado...
Em nossa abordagem com casais notamos que muitos são os caminhos que a terapia facilita: melhora do dialogo, mobilização para uma terapia individual de um ou ambos, melhora da relação com outros membros da família, especialmente a sogra, maior apoio entre ambos em relação aos filhos, etc.
Por falar em filhos não são poucos os casais que se dão conta que sua relação piora muito depois que chegam os filhos, seja pela diminuição da atenção mútua,  seja pela discordância na maneira de criar os filhos. Esta é uma das questões a abordar na terapia, bem como ciúmes, competição entre ambos, superação de mágoas e as infinitas pequenas coisas do dia a dia, como os sapatos espalhados ou a tal da toalha molhada sobre alguma coisa.
A sexualidade é um tema todo especial quando abordam-se casais. O sexo é o aspecto mais importante do casamento, já que este é um espaço onde aquele é supostamente seguro, garantido, socialmente aceito. Muita gente ri quando lê o que você acabou de ler. Já outras tantas pessoas se revoltam com a afirmação – e o companheirismo? A divisão de responsabilidades? Os filhos?  Ah! E o amor?  Puxa, tudo isso é muito importante. Mas é um fato que na maioria dos casamentos atuais o sexo seguro, com alguém que se conhece bem, um à disposição do outro, é o verdadeiro pivô da relação. É por essa razão que muitos casamentos em que pouco vai bem mas o sexo é satisfatório se mantêm. Também é o último a acabar quando se vai mal. E se sempre foi ruim, atualmente é o grande motivo para separar casais.
Sua vida sexual vai bem? E com o seu parceiro, também? A cabeça cheia de problemas tem dificultado tudo? O cansaço, o tempo, as crianças? Não se engane: se você não tem um sexo com cumplicidade e prazer satisfatórios com seu parceiro então seu casamento não vai bem, e mesmo sua qualidade de vida. Esta questão deve ser abordada com um especialista.
TRANSTORNOS DA ADOLESCÊNCIA



A adolescência é uma fase de ouro em nossas vidas: preciosa e difícil! Nela tudo acontece: o que amamos de manhã podemos odiar à noite e desprezar à tarde.  Um mundo de conquistas é o que o adolescente vê pela frente. São cheios de energia mas preguiçosos, barulhentos mas se comunicam mal com os adultos que também não conseguem se comunicar com eles. Querem experimentar tudo mas os adultos, especialmente os pais, os impedem. São auto-suficientes nas escolhas mas dependentes financeiramente. De um lado eles estão lutando por mais liberdade, do outro estão seus pais reclamando que eles querem liberdade demais. É uma guerra interna de hormônios, sexualidade, vontade, anseio de ser aceito pelos pares. O corpo muda, cresce tudo, ou não cresce como queria, muda a voz, o cheiro, as espinhas, a obesidade – pobres adolescentes! Pobre pais!
Chamamos de puberdade o processo de mudança física no qual aparecem as características sexuais secundárias, isto é, crescimento dos quadris e dos seios nas meninas e o crescimento da barba e agravamento da voz nos meninos. Começa com a fase inicial (de 11 a 14 anos), quando o impulso sexual já pode iniciar, e atinge seu auge aos 17 ou 18, já que os hormônios vão aumentando ao longo da adolescência até atingir os níveis mais altos da vida. Um fato curioso é que tais hormônios também alteram a atividade das glândulas sebáceas causando aumento da oleosidade da pele gerando espinhas. A libido é imensa e os jovens liberam as necessidades sexuais masturbando-se, o que é uma forma muito segura de fazê-lo. Assim o imaginário popular não demorou a formular a idéia falsa de que masturbação causa espinhas. Como descrevemos, ambos têm a mesma causa, isto é, a puberdade, mas um não causa o outro.
Por falar em espinhas os adolescentes se comparam muito quanto a esta questão, assim como se comparam quanto a altura, seios pequenos ou muito grandes em meninas, altura etc. Eles são cruéis e ao mesmo tempo sensíveis às opiniões de seus amigos.
Na adolescência intermediária (14 a 17) os adolescentes experimentam as grandes paixões de sua vida, por vezes inalcançáveis, por pessoas da mesma idade ou mais velhas. E nesta fase eventualmente acontece uma relação homossexual. Os jovens devem obter apoio e entender que ter tal relação não define se ele é homo ou heterossexual. Foi apenas motivada pela ocasião, pelos impulsos, pelo desejo ainda em formação.  No entanto para outros a orientação homossexual já está determinada nesta fase. Estes jovens podem necessitar da ajuda do psicoterapeuta para lidar com esta orientação.
A primeira menstruação acontece entre as fases inicial e intermediária da adolescência. Por incrível que pareça as adolescentes ainda não recebem informações de seus pais. Hoje em dia porém isto é compensado pelas amigas, pela internet, na escola, etc.
A fase final ocorre entre 17 e 20 anos, quando se consolidam as principais mudanças que irão persistir no inicio da vida adulta. Em geral nesta fase o adolescente enfrenta o que considero, em situações normais,  o primeiro desafio “adulto” da vida: o vestibular. Este monstro-de-sete-cabeças gera tanta angústia que não são raras as vezes que estes jovens heróis necessitam de apoio terapêutico e eventualmente medicamentos.
Transtornos da Adolescência.
As doenças mentais que acomentem os adultos também atingem os adolescentes. Elas devem ser tratadas e os adolescentes orientados sobre elas. Além disso eles podem se envolver perigosamente com álcool, drogas pesadas, promiscuidade com risco para doenças graves como hepatites B e C e AIDS.
Pela própria natureza heróica desta fase é grande o risco de acidentes em atividades como escalada, pára-quedismo, surf ou até panaquices com o carro na mão. Na adolescência fazemos coisas que jamais esqueceremos, boas e más.
A gravidez na adolescência mesmo não sendo uma doença não é uma experiência tida como boa, especialmente agora que se espera das mulheres terem uma profissão, já que o casamento é uma maneira de somar ganhos e dividir despesas. Assim o início da vida fica todo atrapalhado. Em geral mãe adolescente não consegue cuidar ou cuida mal de seu filho. Por vezes eles têm de ser criados pelos avós jovens, também cheios de tarefas e ainda se firmando em varias áreas como no trabalho. Poucas casam com os pais de seus filhos, em geral também adolescentes que mal cuidam de si mesmos e quando casam em geral separam. Muitas vezes recorrem a abortos em clínicas clandestinas com risco até de morte. É também na adolescência que meninas e meninos entram para a prostituição muitas vezes como um meio de se sustentarem, ajudar a família, sustentar os filhos e por vezes o vicio quando há dependência de drogas.
Proposta
Muito destes problemas podem ser evitados ou resolvidos com a ajuda do terapeuta. O profissional sensível aos problemas da adolescência tentara fazer um vínculo de confiança com o jovem e estabelecer um acordo com os pais quanto a limites. Também identificará doenças da esfera da depressão e ansiedade e tentará estabelecer uma estratégia terapêutica.

TRANSTORNOS DO SONO


Quem não dorme sabe o quanto o sono faz falta. E não há apenas um tipo de transtorno. Conhecemos mais de setenta transtornos. Definimos estes como condições caracterizadas por distúrbios dos padrões ou comportamentos normais do sono. Os transtornos do sono podem ser divididos em três categorias principais: DISSONIAS, i.e., transtornos caracterizados por insônia ou hipersonia; PARASSONIAS, comportamentos anormais do sono,  e transtornos do sono secundários a transtornos médicos ou psiquiátricos.
Algumas pessoas dormem mal por fatores orgânicos, como pela falta de substâncias químicas, que participam dos circuitos neurais controladores. Sabe-se que a falta de serotonina leva à insônia e a falta de noradrenalina suprime o sono paradoxal (sonho). Essas deficiências podem também ser muitas vezes provocadas por ausência de enzimas conversoras ou substâncias precursoras.
Entretanto, a maioria das pessoas que dorme mal é por origem externa. Não só pela falta de ritmo próprio na vida, como no caso dos trabalhadores noturnos, mas também pela quebra do ritmo biológico dos trabalhadores diurnos, devido às perturbações sociais, o ritmo das cidades, o grau de exigência do mercado de trabalho, preocupação com filhos, com provas, com parentes, com tudo.
Mas, com o passar da idade, as pessoas vão acumulando progressivamente distúrbios sobre o sono noturno e já não conseguem dormir mais do que seis horas de sono contínuo à noite. Em compensação, passam a cochilar ao longo do dia. A primeira conseqüência que todo mundo conhece é a perda de produtividade em geral em todas as atividades. Se o seu trabalho envolve periculosidade e o mesmo não é logo aposentado, torna-se um operário, mesmo de turno diurno, de alto risco pelas distrações que comete.
Levantamentos estatísticos mostram que os adultos dormem entre 4 e 8 horas, sem considerar a sua qualidade e sua saciedade. Sabe-se que a necessidade de sono na pessoa normal e adulta varia com a saúde, tipo de atividade, personalidade ou fase da vida. Crianças, estudantes, doentes e intelectuais necessitam de mais horas de sono e sonho. Porém, pessoas deprimidas, que ao mesmo tempo apresentam hipersonia, podem aprofundar a doença. Geralmente, quando se dorme menos torna-se menos criativo .
Por outro lado, sabe-se que a regularidade do sono é fundamental para a saúde. Isto significa ter hora certa para dormir e levantar. Mas, nem no seu apartamento ou casa o cidadão está livre de incômodos provenientes de trânsito, vizinhos, obras, igrejas, bares, boates e outras fontes de barulho, que, considerando sua natureza terrivelmente invasora, sobressai-se mais à noite devido à queda do ruído ambiental, e toma-se uma perturbação terrivelmente conflituosa para a maioria das pessoas por impedir um sono normal.
Milhões de pessoas no mundo recorrem a tranqüilizantes, do tipo diazepan, ou a outros ansiolíticos, como à bebidas alcoólicas, para tentar dormir à noite. Mas, a curto prazo perdem o sono paradoxal (sonho), portanto com sérios prejuízos para a qualidade do sono, e podem apresentar ou intoxicação ou sedação diurna ou outras formas de efeitos secundários. A longo prazo, podem ser levados à dependência, a alguma tolerância e, na retirada do medicamento, à síndrome de abstinência, ou seja, dificuldade de vencer transtornos terríveis na saúde para tentar se livrar da droga ou do álcool.
Tratamento da insônia primária
A insônia primária é um transtorno multidimensional e seu tratamento deverá combinar medidas não-farmacológicas e farmacológicas. As estratégias não farmacológicas incluem a higiene do sono e a terapia.
Em relação à higiene do sono, os pacientes serão aconselhados a realizar exercícios físicos exclusivamente durante a manhã ou nas primeiras horas da tarde; comer uma refeição leve acompanhada de ingestão de água limitada durante o jantar; evitar a nicotina, o álcool e as bebidas que contenham cafeína (café, chá, infusão de erva-mate, bebidas “cola” e inclusive o guaraná); providenciar que a cama, o colchão e a temperatura do quarto sejam agradáveis; regularizar a hora de deitar e levantar; utilizar o quarto somente para dormir; e manter  atividade sexual.
Terapias comportamentais têm sido desenvolvidas durante os últimos anos para ajudar o paciente com insônia primária. As mesmas se dirigem a reduzir a ansiedade e a apreensão que, embora em grau reduzido, incidem marcadamente no quadro clínico. A forma de terapia comportamental utilizada com maior freqüência é a de relaxamento que compreende uma série de procedimentos, como relaxamento muscular, meditação transcendental, ioga, biofeedback, etc.
As medidas farmacológicas incluem o uso de hipnóticos. Os hipnóticos têm ação benzodiazepínica têm muita eficácia mas desenvolvem o que chamamos de tolerância, e doses maiores são necessárias para obter o mesmo efeito, e este é um dos caminhos para a dependência. Dai o médico ser fundamental no acompanhamento do paciente com insônia.
Todos os hipnóticos benzodiazepínicos diminuem o sono de ondas lentas, o que não acontece com a nova geração de hipnóticos não-benzodiazepínicos, como o zolpidem, que não modifica a estrutura do sono, ou seja, não diminui o sono com ondas lentas e o sono REM. A reincidência da insônia logo após a suspensão brusca do tratamento é muito pouco freqüente com este segundo tipo de hipnótico, bem como é menor o desenvolvimento de dependência aos fármacos.
PSICOLOGIA DO EMAGRECIMENTO


Comportamento Alimentar refere-se à ingestão de qualquer alimento. Uma pessoa que tenha comido apenas chocolate hoje, alimentou - se mas não nutriu - se convenientemente. Nutrição refere - se a alimentar - se adequadamente em qualidade e quantidade.
O Comportamento Alimentar é mais "primitivo", inconsciente e menos racional que o nutricional, que pode ser considerado mais inteligente" e cientificamente fundamentado. O comportamento alimentar precede, é a "matéria prima" para o nutricional. Deveria ser regulado pelo complexo mecanismo fome - saciedade mas é importante entender que as emoções, a ansiedade, os estados de humor de pressivos e outros fatores psicológicos negativos podem alterá-lo profundamente e, consequentemente, o comportamento nutricional. Nas orientações nutricionais que visam emagrecimento a pessoa "sabe"o que fazer e o que comer, mas sente-se impotente para fazê-lo. Algo mais forte que sua vontade a impede. Como sem fome sabendo que não deveria fazê-lo, mas o faz e na ausência de prazer. Ao comer tem um alívio provisório da sensação negativa de ansiedade, que volta reforçada pela culpa, levando a pessoa a comer mais, para tornar a diminuir a tensão. A pessoa engorda e passa a evitar toda uma gama de situações e atividade e também as gratificações delas decorrentes. Diminui a atividade física porque engordou, questiona sua aparência e evita ir a lugares onde tenha que se expor fisicamente. Restringe sua vida social e pode tender ao isolamento. Essa reação provoca o afastamento de outras pessoas mas o gordo parece não perceber que isto deve-se ao seu comportamento e não à sua aparência. Sua ansiedade aumenta a solidão que por sua vez reforça a ansiedade. Escasseando os prazeres pela piora da qualidade de vida e crescendo a ansiedade, A COMIDA ASSUME O PAPEL DE "REDUTOR DE TENSÃO" E muitas vezes , ÚNICA FONTE DE PRAZER !... A auto negação do prazer leva a pessoa a rejeitar seu corpo e a conduz a uma dependência infantil da comida, que passa a simbolizar a satisfação corporal... ESTÁ FORMADO O CÍRCULO VICIOSO... Os mais tênues sinais de ansiedade, antes mesmo de tornarem-se conscientes, podem ser "amortecidos" pelo ato de comer, ACIONADO AUTOMATICAMENTE. A criança, desde o nascimento, estabelece um vínculo com a mãe através da amamentação. As primeiras sensações de ansiedade (sensação desagradável, negativa) são experimentadas quando o bebê tem fome. O alivio da tensão (sensação agradável) é conseguido quando a criança se alimenta (saciedade). Com o crescimento recebe influências da família, da cultura que ajudarão a moldar um "estilo alimentar". profundamente associado com emoções positivas e negativas e de DIFICILMENTE MODIFICÁVEL APENAS POR PERSUASÃO E INFORMAÇÃO. Exemplos são pacientes que, mesmo motivados e bem orientados por profissionais competentes e que lhes ministram orientação nutricional equilibrada, personalizada e saborosa acabam auto sabotando-a em algum momento, de forma irracional , demonstrando comportamento alimentar regido por emoções obscuras e não pela razão, e despreparados para a orientação nutricional. A obesidade torna-se, desta maneira, uma forma desadaptativa do uso do comportamento alimentar na tentativa de encobrir problemas que tornam-se progressivamente insolúveis, reduzindo gradativamente as opções de vida da pessoa. A psicologia pode e DEVE COLABORAR com a área médico nutricional, VIABILIZANDO O COMPORTAMENTO NUTRICIONAL ATRAVÉS DO CONTROLE DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR QUE O PRECEDE, atualizando de várias maneiras, como levando o paciente a reavaliar o "continnum" fome-saciedade, focando e tratando os ganhos secundários que mantém a pessoa gorda, trabalhando a auto-imagem, freqüentemente prejudicada, tratando as comorbidades associadas à obesidade, como transtorno do humor (depressão) , fobia social, transtornos alimentares, transtornos de personalidade, compulsão alimentar e outros, e particularmente a ANSIEDADE, desvinculando-a do ato de comer, permitindo alterações comportamentais que permitam novo estilo de vida, essencial para a perda de peso e manutenção posterior.

Marco Antonio de Tommaso é Psicólogo do Amb. de Ansiedade do H.C.U.S.P Tratamento da Ansiedade e da Compulsão Alimentar

domingo, 20 de março de 2011


FILMES SOBRE TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO
Transtorno Obsessivo Compulsivo(TOC)

As pessoas obsessivas, detalhistas, perfeccionistas tem grandes qualidades: costumam ser trabalhadoras, competentes e confiáveis. Aqui estamos falando de uma doença em que essas características atrapalham a vida da pessoa. Ou seja, deixam de ser uma qualidade e passam a ser um problema.

1) Sintomas:

O TOC se caracteriza basicamente pela repetição de gestos, rituais, pensamentos e atividades que a pessoa sabe que não fazem sentido, mas que não consegue evitar.
Se não executá-los passa por uma ansiedade brutal ou acha que poderá acontecer algo de ruim para si ou para outras pessoas.
Uma das características principais é que a pessoa tem consciência de que os rituais ou pensamentos não tem lógica, não são necessários porém são inevitáveis.
Quando conta para alguém, às vezes até dá risada do absurdo, outras vezes tem medo de ser rotulada como louca, mas no instante em que o TOC "ataca", toda a lógica cai por terra e a pessoa se comporta como se fosse escrava dele.
Os sintomas podem ser os mais variados. Por exemplo:
  • Lavar as mãos muito mais do que o necessário.
  • Lavar a boca com água, sabão, álcool, etc.
  • Voltar para conferir portas, janelas, bico de gás, etc., mesmo tendo certeza que estão fechados.
  • Rezar, recitar, falar ou pensar em frases, palavras ou músicas de modo repetido.
  • Não pegar em objetos que poderiam ter caído no chão, ou tocado em algo sujo, ou terem sido tocados por alguma pessoa que poderia ter alguma doença.
  • Ficar se remoendo por ter feito algo que pode ter sido errado ou que poderia ter sido interpretado pelos outros como sendo errado.
  • Roer unhas.
  • Levar tempo demais para fazer coisas comuns, devido à repetição ou conferência exageradas (por exemplo abrir e fechar coisas repetidamente, conferir papéis e documentos muitas vezes).
  • Ficar se preocupando com a possibilidade dela ou de um familiar ter pego alguma doença (hoje em dia a cisma mais freqüente é de estar contaminado com AIDS).
Ele pode se manifestar com mais intensidade em fases ou situações mais difíceis na vida.
Quem sofre de TOC está sujeito a ter fases de Depressão e ataques de ansiedade com sudorese, palpitações e tremor, verdadeiros ataques de pânico, o que é normal e não quer dizer que você sofra de três doenças ao mesmo tempo.
TOC não tem nada a ver com Psicose nem "loucura".


2) Fazem parte do grupo dos Transtornos Obsessivos Compulsivos os seguintes quadros clínicos:
  • Dismorfofobia ou Dismorfia Corporal, na qual a pessoa acha que alguma parte de seu corpo é feia ou deformada. Muitos pacientes passam por cirurgias plásticas que evidentemente não trazem "resultados" e chegam a se isolar socialmente pela "vergonha".
  • Cleptomania, na qual a pessoa furta objetos de pequeno valor, os quais poderia comprar. Em geral joga os objetos fora, ou dá para alguém, ou guarda como troféu. O impulso de furtar é precedido por grande ansiedade, posteriormente um alívio.
  • Sexo Compulsivo.
  • Jogo Compulsivo.
  • Compras Compulsivas.
  • Colecionismo ou Hoarding: acumular quantidades enormes de papéis, documentos, jornais velhos, objetos, tranqueiras, sem nenhuma utilidade.
  • Síndrome de Tourette, consiste em ter tiques e cacoetes principalmente com a cabeça, pescoço e mãos, emitir sons pela garganta. Embora faça parte do TOC, seu tratamento é diferente.
  • Tricotilomania: arrancar e às vezes comer fios de cabelo.
3) O TOC é causado por um conjunto de fatores:
  • Alteração de química cerebral
  • Genéticos
  • Psicológicos
Com certeza TOC não é causado por "falhas de educação" nem por problemas de relacionamento entre os membros da família. Ou seja, os pais não causam TOC nos filhos.

4) Tratamento:

As pessoas que tem TOC geralmente gostam de falar de doenças e se preocupar com elas, mas não de tomar remédio. Elas se classificam como "hipocondríacos que detestam remédios".
Porém se não for tratado, o TOC pode cronificar e se tornar incapacitante. O tratamento mais eficaz consiste em:
  • Medicação. Não interrompa o tratamento por não sentir melhora nas primeiras semanas. TOC é teimoso, você tem que ser mais teimoso ainda.
  • Psicoterapia Cognitivo Comportamental, que é bem diferente da Psicoterapia Analítica.
  • Força de vontade para resistir ao impulso obsessivo.
5) A família pode ajudar:
  • Insistir no tratamento
  • Lembrar ao paciente a necessidade dele resistir às "manias".
  • Não levar a sério os medos, dúvidas e perguntas do paciente. Por exemplo, o paciente quer voltar para casa para conferir se fechou uma porta. Não concorde.
  • Não entre em discussões por exemplo sobre vírus e bactérias e contaminações, pois elas seriam infinitas.
6) Observações:
A) Algumas vezes o primeiro remédio não produz resultado e tem que ser trocado
B) Mesmo que você já esteja se sentindo bem, não interrompa a medicação. Seu médico deve decidir quando diminuir, interromper ou trocar de medicação. Se o medicamento tiver efeitos colaterais, ele poderá ser trocado por outro que não traga desconforto. O tratamento do TOC é longo. A recaída em caso de interrupção prematura do tratamento é quase certa.
C) Se os sintomas do TOC voltarem, não quer dizer dependência da medicação, mas sim que ainda não era hora de suspender o tratamento. Os remédios que tratam Transtorno Obsessivo Compulsivo não criam dependência. O TOC é que exige tempo de tratamento longo. O importante é que a qualidade de vida da pessoa melhore.

Sugestão: assista ao filme “Melhor Impossível”, com Jack Nicholson e Helen Hunt.