domingo, 17 de abril de 2011


TRANSTORNOS DO SONO


Quem não dorme sabe o quanto o sono faz falta. E não há apenas um tipo de transtorno. Conhecemos mais de setenta transtornos. Definimos estes como condições caracterizadas por distúrbios dos padrões ou comportamentos normais do sono. Os transtornos do sono podem ser divididos em três categorias principais: DISSONIAS, i.e., transtornos caracterizados por insônia ou hipersonia; PARASSONIAS, comportamentos anormais do sono,  e transtornos do sono secundários a transtornos médicos ou psiquiátricos.
Algumas pessoas dormem mal por fatores orgânicos, como pela falta de substâncias químicas, que participam dos circuitos neurais controladores. Sabe-se que a falta de serotonina leva à insônia e a falta de noradrenalina suprime o sono paradoxal (sonho). Essas deficiências podem também ser muitas vezes provocadas por ausência de enzimas conversoras ou substâncias precursoras.
Entretanto, a maioria das pessoas que dorme mal é por origem externa. Não só pela falta de ritmo próprio na vida, como no caso dos trabalhadores noturnos, mas também pela quebra do ritmo biológico dos trabalhadores diurnos, devido às perturbações sociais, o ritmo das cidades, o grau de exigência do mercado de trabalho, preocupação com filhos, com provas, com parentes, com tudo.
Mas, com o passar da idade, as pessoas vão acumulando progressivamente distúrbios sobre o sono noturno e já não conseguem dormir mais do que seis horas de sono contínuo à noite. Em compensação, passam a cochilar ao longo do dia. A primeira conseqüência que todo mundo conhece é a perda de produtividade em geral em todas as atividades. Se o seu trabalho envolve periculosidade e o mesmo não é logo aposentado, torna-se um operário, mesmo de turno diurno, de alto risco pelas distrações que comete.
Levantamentos estatísticos mostram que os adultos dormem entre 4 e 8 horas, sem considerar a sua qualidade e sua saciedade. Sabe-se que a necessidade de sono na pessoa normal e adulta varia com a saúde, tipo de atividade, personalidade ou fase da vida. Crianças, estudantes, doentes e intelectuais necessitam de mais horas de sono e sonho. Porém, pessoas deprimidas, que ao mesmo tempo apresentam hipersonia, podem aprofundar a doença. Geralmente, quando se dorme menos torna-se menos criativo .
Por outro lado, sabe-se que a regularidade do sono é fundamental para a saúde. Isto significa ter hora certa para dormir e levantar. Mas, nem no seu apartamento ou casa o cidadão está livre de incômodos provenientes de trânsito, vizinhos, obras, igrejas, bares, boates e outras fontes de barulho, que, considerando sua natureza terrivelmente invasora, sobressai-se mais à noite devido à queda do ruído ambiental, e toma-se uma perturbação terrivelmente conflituosa para a maioria das pessoas por impedir um sono normal.
Milhões de pessoas no mundo recorrem a tranqüilizantes, do tipo diazepan, ou a outros ansiolíticos, como à bebidas alcoólicas, para tentar dormir à noite. Mas, a curto prazo perdem o sono paradoxal (sonho), portanto com sérios prejuízos para a qualidade do sono, e podem apresentar ou intoxicação ou sedação diurna ou outras formas de efeitos secundários. A longo prazo, podem ser levados à dependência, a alguma tolerância e, na retirada do medicamento, à síndrome de abstinência, ou seja, dificuldade de vencer transtornos terríveis na saúde para tentar se livrar da droga ou do álcool.
Tratamento da insônia primária
A insônia primária é um transtorno multidimensional e seu tratamento deverá combinar medidas não-farmacológicas e farmacológicas. As estratégias não farmacológicas incluem a higiene do sono e a terapia.
Em relação à higiene do sono, os pacientes serão aconselhados a realizar exercícios físicos exclusivamente durante a manhã ou nas primeiras horas da tarde; comer uma refeição leve acompanhada de ingestão de água limitada durante o jantar; evitar a nicotina, o álcool e as bebidas que contenham cafeína (café, chá, infusão de erva-mate, bebidas “cola” e inclusive o guaraná); providenciar que a cama, o colchão e a temperatura do quarto sejam agradáveis; regularizar a hora de deitar e levantar; utilizar o quarto somente para dormir; e manter  atividade sexual.
Terapias comportamentais têm sido desenvolvidas durante os últimos anos para ajudar o paciente com insônia primária. As mesmas se dirigem a reduzir a ansiedade e a apreensão que, embora em grau reduzido, incidem marcadamente no quadro clínico. A forma de terapia comportamental utilizada com maior freqüência é a de relaxamento que compreende uma série de procedimentos, como relaxamento muscular, meditação transcendental, ioga, biofeedback, etc.
As medidas farmacológicas incluem o uso de hipnóticos. Os hipnóticos têm ação benzodiazepínica têm muita eficácia mas desenvolvem o que chamamos de tolerância, e doses maiores são necessárias para obter o mesmo efeito, e este é um dos caminhos para a dependência. Dai o médico ser fundamental no acompanhamento do paciente com insônia.
Todos os hipnóticos benzodiazepínicos diminuem o sono de ondas lentas, o que não acontece com a nova geração de hipnóticos não-benzodiazepínicos, como o zolpidem, que não modifica a estrutura do sono, ou seja, não diminui o sono com ondas lentas e o sono REM. A reincidência da insônia logo após a suspensão brusca do tratamento é muito pouco freqüente com este segundo tipo de hipnótico, bem como é menor o desenvolvimento de dependência aos fármacos.

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